High-angle Photography of People in Ground

A Comparação e a Baixa Autoestima: Reconhecendo a Singularidade

Ao longo da vida, é comum nos depararmos com sentimentos de baixa autoestima, frustração ou insatisfação com nós mesmos. Esses sentimentos podem surgir em diferentes contextos – seja no trabalho, em relacionamentos ou na vida familiar – e, muitas vezes, podem vir acompanhados de um elemento poderoso: a comparação. Não é necessário um motivo específico para desencadear essa sensação de insatisfação, mas a comparação muitas vezes reforça a nossa percepção de inadequação.

Estamos em constante relação com o outro, e, por vezes, idealizamos a vida alheia, criando uma imagem irreal sobre as realizações e o sucesso dos outros. No entanto, toda comparação é, por natureza, injusta. Mesmo quando nos comparamos com nós mesmos em diferentes fases da vida, essa comparação não leva em conta as mudanças naturais que enfrentamos e o contexto em que nos encontramos. Nossa trajetória é única, e cada escolha ou desafio nos constitui de maneira singular.

Um exemplo que ilustra bem essa questão é pensar na comparação entre uma lesma e um leopardo. Seria injusto esperar que a lesma desejasse correr como o leopardo, porque isso simplesmente não faz sentido dentro da realidade de cada um. Da mesma forma, é fundamental reconhecer nossos desejos para além da busca de aceitação do outro. O que realmente queremos e por que queremos? Só você pode trilhar o seu próprio caminho, pois só você vive a sua vida.

A comparação também reflete a distância que criamos de nós mesmos. Ao nos comparar com os outros, ignoramos a nossa singularidade, que é incomparável justamente porque somos únicos. O modo como você se relaciona consigo, com os acontecimentos da vida, seu contexto familiar, suas experiências e até os desafios enfrentados fazem de você uma pessoa irrepetível. Até mesmo irmãos gêmeos, vivendo sob as mesmas condições, são distintos. Cada ser humano tem uma existência única e irrepetível.

Essa singularidade é o que nos faz tão humanos. Assim como uma obra de arte, cada pessoa é percebida de forma diferente pelos outros, cada interpretação carrega a vivência e o olhar daquele que a observa. Tentamos as vezes entender o que move o outro, mas jamais vivenciaremos sua experiência da mesma maneira que ele. A relação entre o sujeito e sua própria história, suas emoções e suas percepções é o que realmente importa.

Na terapia, trabalhamos para ajudar a pessoa a reconhecer essa singularidade e a perceber que a comparação constante pode ser, por vezes, um reflexo de expectativas externas que não condizem com sua realidade. Ao nos voltarmos para dentro e reconhecermos o valor da nossa própria trajetória, abrimos espaço para resgatar a autoestima e fortalecer a nossa identidade. Afinal, a comparação nos distancia de quem realmente somos, enquanto o autoconhecimento nos reconecta com o que temos de mais essencial: a nossa singularidade.

Photo of Man Leaning on Wooden Table
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